Com a sinalização de Daniel Vilela de que não deve concorrer ao Governo, o nome do jovem prefeito de Aparecida de Goiânia tornou-se a bola da vez na oposição para liderar uma chapa forte na sucessão estadual
Gustavo Mendanha: prefeito de Aparecida de Goiânia tem perfil para postular Governo do estado // Foto: Rodrigo Estrela
Enquanto o governador Ronaldo Caiado consolida seu nome na corrida ao Palácio das Esmeraldas na eleição de 2022, uma pergunta incomoda quem não está com ele e também quem está com o governador, incluindo o próprio Caiado: quem será o anti-Caiado na próxima eleição? Essa pergunta é fundamental porque encarnar o “anti” pode ser decisivo para se ter chance de êxito nas urnas ou, ainda que não vitorioso, consolidar uma imagem política no cenário estadual, capital indispensável para as eleições futuras.
Partindo da eleição de 2018, tínhamos ali um cenário marcado por duas situações: o desgaste do grupo político liderado pelo governador Marconi Perillo (PSDB) com duas décadas no poder e a onda conservadora – para muitos reacionária – impulsionada por Bolsonaro e seu antipetismo. O resultado sabemos: vitória relativamente tranquila de Caiado no primeiro turno e derrota fragorosa do grupo marconista.
Em 2022, o cenário será bem diverso. Certamente haverá uma reação, com reflexo nas urnas, ao desastre do Governo Bolsonaro, sua política econômica inexistente e os mais de meio milhão de vítimas da Covid-19. Não há ainda certeza de que Bolsonaro sobreviverá no cargo, mas poucos duvidam que, se não for cassado, ele sangrará até o último dia do mandato. O impacto da pandemia e da inércia do Governo federal na eleição local certamente terá influência nas eleições estaduais. Até que ponto, ainda não sabemos.
Até recentemente apontado para ser o candidato forte a enfrentar Ronaldo Caiado, o emedebista Daniel Vilela refluiu da pretensão, após o rompimento de seu grupo político (entenda-se, ala do MDB liderada por ele, que é presidente estadual da sigla) com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos). Como reação imediata a esse vácuo e diante de um cenário em que o PSDB não monstra força a ponto de lançar candidato competitivo ao Governo estadual, o nome de Gustavo Mendanha (MDB), que já vinha sendo incensado, tornou-se a bola da vez como candidato que pode, de fato, fazer frente ao poderio de Caiado em 2022.
E Gustavo Mendanha incomoda Caiado e caiadistas por alguns atributos: é de um partido com história em Goiás, MDB, tendo comandado o estado no período da redemocratização (anos 1980 e 1990), com Iris Rezende à frente, mas não tem o ranço dos velhos caciques da sigla, afinal, tem no currículo basicamente o fato de ter sido vereador, presidente da Câmara, secretário municipal e prefeito de Aparecida de Goiânia, reeleito. Isso dá uma leveza fundamental ao prefeito. Outros atributos são o sucesso conseguido na administração do segundo maior município do estado com estrondosa vitória nas urnas – lembrando que até bem pouco tempo Aparecida de Goiânia era uma cidade-problema e, com as gestões de Maguito Vilela (dois mandatos) e Gustavo, tornou-se uma espécie de modelo de gestão.
Se tem qualidades, o que falta a Gustavo Mendanha para assumir a condição de pré-candidato? A primeira dificuldade, aparentemente já superada, era justamente a desistência de Daniel Vilela em concorrer, pois Gustavo se declara leal a ele e o tem como “irmão”. Outro ponto é que ele precisa convencer-se de que vale a pena renunciar ao mandato de prefeito, faltando dois anos e meio para o término. Esse ponto também parece estar acertado.
Mesmo articulando com forças políticas de algumas regiões do estado, conversando e sentido o momento político, Gustavo Mendanha sabe que não pode expor-se antecipadamente em uma corrida pré-eleitoral. Além de ter pouco a ganhar com isso, ele teria muito a perder, por tornar-se o alvo de todos que não estejam no seu projeto.
Lideranças próximas a Mendanha não escondem que ele pensa na candidatura a governador e tem agido para sondar o clima político no estado. Isso fica claro na intensificação das visitas de prefeitos para conhecer o modelo de gestão implantado em Aparecida de Goiânia. E na visita, do próprio prefeito de Aparecida, a municípios do Entorno do Distrito Federal e a cidades estratégicas como Anápolis e Trindade.
Por todo esse movimento e atributos, Gustavo Mendanha desponta para consolidar-se como candidato oposicionista mais forte ao Palácio das Esmeraldas em 2022. O tabuleiro político está em constante mudança e a aproximação do período pré-eleitoral, no início do próximo ano, cristalizará o cenário.fonte:https://www.noticiasgoias.com.br/
EM: 28/05/2021 14:08