Meteorologia alerta para mais chuvas nos próximos dias. Asa Norte e Ceilândia foram as regiões mais atingidas pelos temporais que caíram entre segunda (4/11) e terça (5/11). Secretaria de Obras informou que realizou série de ações em vários locais do DF
De acordo com a Secretaria de Obras, em 2024, uma série de ações foram realizadas em vários locais do DF para ampliar a capacidade de drenagem e minimizar os impactos das chuvas. A pasta destaca algumas intervenções de infraestrutura, como a instalação mais de 30km de redes de drenagem em regiões como Vicente Pires, Sol Nascente e Guará Park. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) também informou que intensificou a manutenção de bocas de lobo e das lagoas de detenção, além de ampliar o sistema de captação de águas pluviais em áreas como Asa Norte e Cruzeiro.
Queda de árvore
O bancário Ciro Jordano, 37 anos, foi um dos que teve o veículo atingido na hora da queda da árvore próximo à Escola Classe 403 Norte. Ao Correio, ele disse que chegou na escola por volta das 12h30, para buscar o filho. “Entrei no carro e estava manobrando. Foi tudo muito rápido, até entender que é uma árvore que está caindo, já aconteceu”, relatou. Galhos da árvore amassaram o capô, além de atingir o para-brisa e o retrovisor do veículo.
O carro da diretora da unidade escolar, Shirley Santana, foi o que ficou mais destruído com a queda. Ela contou para a reportagem que estava em um evento da escola no momento do acidente. “Me ligaram para contar o que tinha acontecido. Fiquei preocupada, pois foi bem na hora da saída das crianças”, destacou. A Novacap foi acionada para a remoção da árvore e para a limpeza do local. O Corpo de Bombeiros do DF chegou ao local para a retirada da árvore e informou que, apesar dos danos materiais, não houve feridos.
Fragilidades na estrutura
Em Ceilândia, apesar das melhorias apontadas pelo governo, os efeitos da chuva foram intensos, onde os moradores relatam inúmeras fragilidades nas obras e pedem providências mais eficazes. Como o barbeiro Alexandre dos Reis, 23 anos, que mora no Pôr do sol, na rua do monte do P Sul, e relata a situação crítica do local. “Eles arrumaram aqui uns três, quatro dias atrás, mas a chuva de ontem levou tudo. Não tinha como se locomover na rua, parecia um rio. É como enxugar gelo. Enquanto não colocarem asfalto de verdade, vamos continuar no mesmo problema”, relatou ao Correio.
A frustração é a mesma por parte de Giovanni Borges, 42, pedreiro, que mora na área há mais de 20 anos. Segundo ele, a situação é a mesma a cada temporada de chuvas. “Fazem uma reforma e, no dia seguinte, chove e leva tudo de novo. A água leva as pedras, e fica impossível até para idosos passarem”, explica. O morador também lida com dificuldades de locomoção devido a uma deficiência na perna. "Tenho muita dificuldade de caminhar aqui sem chover, quando cai essas tempestades piora tudo", afirmou.
Para alguns, como Valdson Fidelis, 29, a situação é desesperadora. Mesmo com a presença de sistemas de esgoto na rua do monte do P Sul, ele destaca a falta de um sistema de águas pluviais e de pavimentação adequada. “Toda vez que chove forte, esse asfalto que eles colocam é levado. Eu até prefiro deixar meu carro em um ponto mais alto, porque tenho medo das chuvas levarem”, declarou.
A Novacap informou ao Correio que ainda não foi acionada para atender especificamente a região afetada, mas atua conforme a demanda da população, priorizando os casos mais urgentes. O órgão reforça que realiza manutenções preventivas em várias regiões do DF, mas Ceilândia continua enfrentando dificuldades que, segundo os moradores, não são resolvidas apenas com intervenções pontuais.
Inundação
O sentimento de insegurança após a perda de materiais domésticos foi grande para Rosalina Alves, 71. A aposentada e moradora de Ceilândia conta que, durante a chuva, viu o muro de um depósito da administração da região ceder, permitindo que a água invadisse as casas da vizinhança, inclusive a dela, causando alguns prejuízos. “A água entrou com força e perdemos o sofá, o rack, o colchão. A situação é muito triste. Tive que ficar com meus netos em cima da cama pois a água estava muito alta”, desabafa.
Outro moradora da região, Sebastiana da Silva, 74, compartilhou sua angústia ao ver os pertences da família serem arrastados pela água. "Minha filha e eu passamos a noite em claro tentado salvar as coisas. Não conseguimos dormir, foi angustiante", relatou. Ela recorda que não é a primeira vez que isso acontece e aponta que o acumulo de lixo e entulho no muro da administração de Ceilândia contribuiu para o agravamento da situação. “O muro cedeu com a pressão da água, e tudo desceu para nossas casas", assinalou.
Casa de Sebastiana da Silva, que mora ao lado do Dirob foi inundada
(foto: Kayo Magalhães/CB/D. A. Press)
Em nota, a Administração de Ceilândia informou que equipes da pasta foram deslocadas para os locais onde a chuva causou mais transtornos. De acordo com o texto, ruas e calçadas estão sendo limpas e uma equipe de engenheiros vistoriou as áreas afetadas. "Cada caso está sendo tratado com responsabilidade e, se for necessário, outros órgãos do GDF poderão ser acionados para manutenção das vias públicas", comunicou.
A pasta ainda relatou que parte da estrutura do muro da Diretoria de Obras (Dirob) da Administração Regional caiu em decorrência da forte chuva. O local foi isolado e equipes da administração trabalham na limpeza e na instalação de estrutura para proteger o prédio. "Vale lembrar: nenhum material ou máquina da Dirob Ceilândia foi afetado. Ninguém se machucou", disse, em nota.
Previsão do tempo
Para o restante da semana no DF, o Instituto Nacional de Meteorologia informa que a previsão do tempo indica temperaturas variando entre mínimas de 17°C e máximas de até 29°C. A umidade do ar deve permanecer elevada, com índices entre 60% e 95%, proporcionando um clima úmido que favorece chuvas frequentes, especialmente durante as tardes e noites. De acordo com o meteorologista Olívio Bahia, essa oscilação é típica do início da temporada chuvosa, com tendência de aumento das precipitações nos próximos dias.
Segundo o especialista, a umidade elevada combinada ao solo já saturado pela recente sequência de chuvas, representa risco de alagamentos, especialmente em áreas mais suscetíveis, como a região de Ceilândia e algumas regiões administrativas. Olívio Bahia orienta os moradores a evitarem transitar por vias inundadas, que podem esconder buracos ou estruturas comprometidas, aumentando o risco de acidentes.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/
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