Dependendo do nível de contaminação, os danos ao automóvel podem atingir bicos injetores e motor. No caso de uso de água ou outros solventes mais baratos, as complicações são ainda maiores
O problema maior ocorre quando o carro não é projetado para tolerar altos níveis de álcool, o que pode causar sérios danos à parte mecânica. "Quando o sistema de injeção do veículo não aceita o etanol e ele é abastecido com combustível adulterado, o bico começa a travar, o álcool reage com os plásticos do tanque, e uma série de outros problemas podem surgir", explica João Pedro Nascimento, reparador automotivo e dono da oficina Jefferson Auto Car.
Por lei, a gasolina comercializada no Brasil deve conter entre 25% e 27,5% de álcool. No entanto, para aumentar a lucratividade, alguns postos elevam essa proporção para 32% ou até 40%, o que pode ser prejudicial para determinados carros. "Um exemplo claro é o de uma Mercedes, que não pode nem ser abastecida com gasolina comum, apenas com a Podium, que contém pelo menos 95% de octanas, como exigido para seu funcionamento adequado. Em veículos como esse, as peças são caras e, geralmente, importadas. No caso que estamos consertando agora, a bomba de combustível custa 14 mil reais e precisou ser trocada. Não havia outra solução", destaca João.
Outra forma de adulteração é misturar a gasolina com água ou outros solventes mais baratos, o que pode levar a danos graves em todos os tipos de veículos. "Em casos mais graves o carro para devido à adulteração. Geralmente, isso acontece no próprio posto. Nessas situações, é necessário esvaziar o tanque e realizar os reparos. Dependendo da adulteração, os danos podem atingir o motor, com problemas nos bicos injetores ou até travamento, podendo levar à perda total do motor. A gravidade depende do nível de adulteração e do uso do veículo", diz Edilson.
Os técnicos apontam que o problema de combustíveis adulterados tem uma frequência considerável, com cerca de um ou dois veículos necessitando de reparos a cada mês. O presidente do Sindicombustíveis do DF, Paulo Tavares, explica que não há um levantamento preciso, já que a ANP suspendeu seu programa de monitoramento por falta de verba. Segundo ele, o maior número de denúncias ocorre em finais de semana, feriados e em períodos de preços muito baixos nos postos. "Nesse último caso, sempre alertamos a imprensa e os Procons, porque não existe almoço grátis", comenta. Paulo ressalta que a ANP é o único órgão com competência para fiscalizar, mas lembra que, por lei, os consumidores podem exigir testes no posto caso desconfiem da qualidade do combustível.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/
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