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sábado, 14 de dezembro de 2024

Gasolina adulterada: mecânicos alertam para mistura irregular em postos do DF

 

Golpe da gasolina: a técnica mais comum é adicionar etanol ao combustível - (crédito: PEDRO SANTANA / CB)


Dependendo do nível de contaminação, os danos ao automóvel podem atingir bicos injetores e motor. No caso de uso de água ou outros solventes mais baratos, as complicações são ainda maiores


O golpe da gasolina adulterada é uma prática ilícita que acarreta em prejuízos para os consumidores. Trata-se de um esquema em que esse combustível é misturado a substâncias proibidas ou tem sua composição alterada para reduzir custos e aumentar os lucros de forma desonesta. Esse problema não apenas prejudica o desempenho dos veículos e causa danos financeiros aos motoristas, mas também compromete a confiança no setor e afeta negativamente a economia local. Segundo o Procon, neste ano, seis denúncias foram recebidas pelo órgão porém "todos os postos foram fiscalizados junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e nenhum problema foi constatado". 
De acordo com o mecânico proprietário da oficina Tecnocar, Edilson Braga, a técnica mais comum para adulterar o líquido é adicionar etanol à composição, o que para muitos carros não causa um prejuízo direto ao automóvel, mas aumenta o consumo de combustível. "A maioria dos carros hoje é flex, e muitos clientes nem sabem se estão utilizando álcool ou gasolina. Eles vão ao posto e mandam abastecer, vez ou outra, o consumo aumenta ou diminui, mas eles nem param para pensar nisso. Quando chegam aqui na oficina por outra razão verificamos o consumo e usamos o scanner para analisar o índice de álcool ou gasolina. Em 90% dos casos, encontramos cerca de 40% de álcool no combustível, mesmo quando o cliente afirma que nunca usou álcool. Isso acontece porque as misturas já vêm das bombas", explica. 

O problema maior ocorre quando o carro não é projetado para tolerar altos níveis de álcool, o que pode causar sérios danos à parte mecânica. "Quando o sistema de injeção do veículo não aceita o etanol e ele é abastecido com combustível adulterado, o bico começa a travar, o álcool reage com os plásticos do tanque, e uma série de outros problemas podem surgir", explica João Pedro Nascimento, reparador automotivo e dono da oficina Jefferson Auto Car. 

Por lei, a gasolina comercializada no Brasil deve conter entre 25% e 27,5% de álcool. No entanto, para aumentar a lucratividade, alguns postos elevam essa proporção para 32% ou até 40%, o que pode ser prejudicial para determinados carros. "Um exemplo claro é o de uma Mercedes, que não pode nem ser abastecida com gasolina comum, apenas com a Podium, que contém pelo menos 95% de octanas, como exigido para seu funcionamento adequado. Em veículos como esse, as peças são caras e, geralmente, importadas. No caso que estamos consertando agora, a bomba de combustível custa 14 mil reais e precisou ser trocada. Não havia outra solução", destaca João. 

Outra forma de adulteração é misturar a gasolina com água ou outros solventes mais baratos, o que pode levar a danos graves em todos os tipos de veículos. "Em casos mais graves o carro para devido à adulteração. Geralmente, isso acontece no próprio posto. Nessas situações, é necessário esvaziar o tanque e realizar os reparos. Dependendo da adulteração, os danos podem atingir o motor, com problemas nos bicos injetores ou até travamento, podendo levar à perda total do motor. A gravidade depende do nível de adulteração e do uso do veículo", diz Edilson. 

Os técnicos apontam que o problema de combustíveis adulterados tem uma frequência considerável, com cerca de um ou dois veículos necessitando de reparos a cada mês. O presidente do Sindicombustíveis do DF, Paulo Tavares, explica que não há um levantamento preciso, já que a ANP suspendeu seu programa de monitoramento por falta de verba. Segundo ele, o maior número de denúncias ocorre em finais de semana, feriados e em períodos de preços muito baixos nos postos. "Nesse último caso, sempre alertamos a imprensa e os Procons, porque não existe almoço grátis", comenta. Paulo ressalta que a ANP é o único órgão com competência para fiscalizar, mas lembra que, por lei, os consumidores podem exigir testes no posto caso desconfiem da qualidade do combustível. 

Fonte:  https://www.correiobraziliense.com.br/

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