Profissionais reivindicam melhorias nas condições de trabalho e regularização de pagamentos
Os médicos credenciados à rede municipal de saúde de Goiânia decidiram paralisar suas atividades a partir da próxima segunda-feira, 9. A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta terça-feira, 3. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ainda não se manifestou sobre a questão.
No mês passado, o Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego) também deflagrou uma paralisação, que foi suspensa após a Prefeitura atender a algumas demandas.
As reivindicações desta nova paralisação vão além da regularização dos pagamentos atrasados. Os profissionais destacam a precariedade das condições de trabalho nas unidades de saúde, incluindo os Centros de Atendimento Integral à Saúde (CAIS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Entre os problemas apontados, estão a falta de medicamentos essenciais, condições insalubres e a insegurança nas instalações.
Os médicos também denunciam a ausência de repasses ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que compromete benefícios e direitos trabalhistas, como aposentadoria e licença médica. “Estamos há meses trabalhando em condições degradantes e sem garantias de que nossos direitos sejam respeitados”, afirmou um médico que preferiu não se identificar.
O Sindicato dos Médicos se comprometeu a se manifestar oficialmente ainda nesta quarta-feira, 4. Outro ponto crítico levantado pelos profissionais é a falta de segurança nas unidades de saúde, que têm registrado episódios de violência contra médicos e pacientes.
“Não é possível prestar atendimento de qualidade quando há risco constante de agressão”, comentou uma médica que atua em uma UPA. A escassez de medicamentos também foi amplamente discutida. “Sem insumos básicos, a população não recebe o atendimento adequado, e nós ficamos de mãos atadas. Isso é desumano”, desabafou
Crise na Saúde Pública
A nova paralisação ocorre em meio a uma grave crise na Saúde Pública de Goiânia, que terminou na prisão do ex-secretário de Saúde, Wilson Pollara, e de dois gestores da pasta, durante a Operação Comorbidade, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO).
Segundo o MPGO, a SMS, sob a gestão de Pollara, mantinha contatos diretos com fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela administração de três maternidades na capital, realizando pagamentos de forma irregular.
As investigações apontam que Pollara e os outros investigados — Quesede Ayres Henrique, ex-secretário-executivo, e Bruno Vianna, ex-diretor financeiro da SMS formaram uma associação criminosa que favorecia empresas por meio de pagamentos irregulares, desrespeitando a ordem cronológica de exigibilidade e causando prejuízos aos cofres públicos.
Esse esquema impactou diretamente a gestão da saúde municipal, agravando a crise no setor e refletindo em situações dramáticas, como filas de espera nas UTIs, onde pacientes têm perdido a vida à espera de atendimento.
Fonte: https://www.dm.com.br/
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